No Alto Solimões, indígenas de 18 etnias lutam para preservar suas tradições

No Alto Solimões, indígenas de 18 etnias lutam para preservar suas tradições

Publicado em 19/04/2017 17:59 Por Otto Farias - Tabatinga, Amazonas

Para muitos indígenas o dia 19 de abril é a oportunidade para mostrar os problemas enfrentados por essas populações.


Na região do Alto Solimões, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), são mais de 85 mil indígenas, de 18 etnias, vivendo nas cidades e na zona rural.


A coordenadora regional da Funai do Alto e Médio Solimões, Mislene Mendes, ressalta que ao longo de muitos anos a etnia Kokama, por exemplo, teve dificuldades de manter a cultura e a tradição. Atualmente esse povo luta para resgatar a língua materna.


“Nos últimos 20 anos, o povo Kokama decidiu nunca mais ficar na invisibilidade, mas reivindicar o reconhecimento dessa identidade étnica deles. Alguns Kokamas estão lutando pelo fortalecimento da cultura deles, pelo resgate da língua, pela revitalização de vários aspectos culturais”, destacou Mislene Mendes.


Outro desafio a ser enfrentado pelos indígenas da região é o uso indiscriminado de bebidas alcoólicas. Apesar da proibição da venda de bebidas dentro das comunidades indígenas, ainda existem pessoas comercializando o produto e causando violência entre os indígenas.


O problema acaba levando, também, ao consumo de outras drogas, como explica o pároco em Belém do Solimões, Paulo Braguini. “Tem muita gente que vende, ilegalmente, bebidas dentro das aldeias. Isso provoca bebedeiras, que são violentas.”


O pároco ressaltou que “toda vez que acontecem essas violências, principalmente entre os jovens, essa é a certeza que antes foi ingerida bebida alcoólica ou drogas.”


Em relação a educação, crianças e adolescentes indígenas enfrentam dificuldades para ter acesso à escola devido as distâncias. Elas precisam enfrentar os rios, como destaca Marcelo Pinto, liderança da comunidade de Filadélfia.


“Tem muitas crianças que estão fora escola devido a falta, a dificuldade para ir às escolas. Às vezes não tem transporte fluvial porque elas moram longe das escolas. Às vezes falta espaço em sala de aula.”, afirmou o líder comunitário.


Na saúde, apesar de alguns investimentos realizados pelo Distrito Sanitário da Saúde Indígena  Alto Solimões, ainda falta medicamentos nos postos de saúde, lamenta Frei Paulo. “Ao longo desses anos, se percebe, é visível o esforço muito grande da [Secretaria Especial de Saúde Indígena] Sesai.”


Na região, o preconceito contra indígenas é histórico e ainda existe. Apesar dessas situações os indígenas buscam cada vez mais espaço na educação e o ingresso em universidades, por exemplo.

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