Atendimento médico precário e desemprego são comuns entre indígenas que vivem em Manaus

Atendimento médico precário e desemprego são comuns entre indígenas que vivem em Manaus

Publicado em 18/04/2017 12:32 Por Bianca Paiva - Manaus

A Rádio Nacional da Amazônia veicula, nesta terça-feira (18), a segunda matéria - da série de cinco - sobre a situação dos índios nos tempos atuais. O especial é distribuído pela Radioagência Nacional.


A matéria desta terça mostra as dificuldades enfrentadas pelos indígenas que migraram para Manaus. Na capital amazonense, eles somam entre 15 mil e 20 mil indígenas, de diversas etnias. 

Há muito tempo, a floresta amazônica deixou de ser o lar de milhares de indígenas. A escassez de alimentos, o desmatamento e o avanço das cidades sobre as matas são alguns fatores que motivaram esses povos tradicionais a migrar para áreas urbanas.


Em Manaus, eles podem ser encontrados em vários lugares. Segundo o presidente da Fundação Estadual do Índio, Raimundo Atroari, a estimativa é de 15 mil a 20 mil indígenas de diversas etnias vivendo em contexto urbano.


“Acredito que 90% de todos os bairros de Manaus têm indígenas morando. Agora com uma população maior, nós temos alguns: o bairro das Nações Indígenas, uma área com mais de 700 famílias; o Parque das Tribos, com mais de mil famílias e Sol Nascente, que é uma área com mais de 300 famílias”, afirma Atroari.


A antropóloga Lúcia Helena Rangel, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), confirma que é comum os indígenas, mesmo em áreas urbanas, viverem em comunidade. “Conforme vai passando o tempo, vem um, vem outro e mais outros, as famílias acabam se juntando em determinado bairro, ou em uma periferia que ninguém morava e os indígenas foram morar.”


Apesar de buscarem melhores condições de vida na cidade, a maioria dos indígenas tem dificuldade de conseguir emprego. A principal renda deles vem do artesanato. É o que conta o tuxaua ou cacique Moisés Sateré, líder de uma comunidade, em Manaus, onde vivem 14 famílias.


“Geralmente as comunidades estão localizadas em área de risco. A gente sente muita essa dificuldade de viver na cidade. Tudo tem que pagar. A maioria dos Sateré daqui da aldeia está no trabalho informal, sem carteira assinada”, diz o cacique.


Moisés Sateré acrescemta que a grande maioria dos indígenas permanece na aldeia trabalhando com artesanato. “A gente consegue gerar uma renda, mais no mês de abril, quando o público procura. Fora isso a gente fica dependendo de doações.”


O cacique também reclama das dificuldades para acessar os serviços de saúde pública. “As vezes a gente não consegue esse atendimento porque muitos profissionais desconhecem a nossa realidade e acabam tendo preconceito com a gente.”


De acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena de Manaus, Ronaldo Barros, da etnia maraguá, as políticas públicas de saúde que existem são voltadas para os indígenas nas aldeias. Os que vivem nas cidades enfrentam os mesmos problemas que o restante da população.


“Ele entra no mesmo processo de disputa por vagas e atendimento, da mesma forma que os não indígenas enfrentam nas áreas urbanas. Não há uma política específica nos municípios para tratar a saúde indígena”, afirma.


Ainda de acordo com Raimundo Atroari, a Fundação Estadual do Índio desenvolve projetos para ajudar na geração de renda dos indígenas dentro das aldeias, como uma alternativa para evitar a migração deles para os centros urbanos.


A Matriz Econômica Ambiental foi lançada pelo governo do Amazonas em fevereiro deste ano para desenvolver a economia do estado utilizando os conhecimentos dos povos tradicionais.

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