Incerteza e falta de perspectiva marcam a vida de mulheres que saem da prisão
Incerteza e falta de perspectiva marcam mulheres que saem da prisão
Publicado em 23/05/2018 17:37 Por Danyele Soares - Brasília
Sonora: "Dos erros a gente sempre tira uma coisa boa (...)"
Essa é a resposta de Gleice quando perguntada sobre a lição que tirou do tempo em que ficou presa. Mãe de dois filhos, sendo que um deles ficou com ela no presídio dos 4 aos 6 meses, a jovem conta que quando ganhou a liberdade, o sentimento que tomava conta era uma mistura de alegria e medo do que iria encontrar pela frente.
Atualmente Gleice trabalha como empregada doméstica, mas esconde dos patrões o passado. Segundo ela, se descobrirem, a demissão pode acontecer. A mulher reclama da falta de apoio para a reinserção.
Quem também teve dificuldades em encontrar emprego foi Camila – como prefere ser chamada. Para ela, o trabalho de manicure e cabeleireira, mesmo sem carteira assinada, foi a saída para uma fonte de renda. Condenada por tráfico porque tentou entrar no presídio com droga ao visitar o marido, a jovem conta que, ao ser solta , sofreu muito preconceito.
A situação incerta e a falta de perspectiva angustiam essas mulheres. E assim como elas, outras tantas que estão ou passaram pelo sistema prisional sofrem. O Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, do Departamento Penitenciário Nacional, revela que, por causa desse contexto e também devido a outros fatores como o abandono da família, as chances de uma mulher presa se suicidar são até 20 vezes maiores que as de uma mulher do lado de fora.
A coordenadora de Promoção da Cidadania do Ministério da Justiça, Mara Fregapani, destaca que é preciso que uma rede de proteção atue, não apenas dentro da penitenciária, mas também quando a detenta ganhar a liberdade.
A rede de proteção a que Mara se refere envolve órgãos que podem facilitar a busca por um emprego e profissionais como assistentes sociais, psicólogos e educadores.
Mas enquanto esse apoio não se concretiza na maior parte dos casos, elas vão buscando por conta própria restabelecer a vida e deixar aquela realidade para trás. Mesmo com as dificuldades e o medo, Camila tem uma certeza: a de que não quer voltar nunca mais para lá.
*Com produção de Joana Lima e sonoplastia de Messias Melo.
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