A escola é espaço privilegiado na prevenção ao suicídio, avaliam especialistas
A escola é espaço privilegiado na prevenção ao suicídio
Publicado em 11/09/2018 13:44 Por Ana Lúcia Caldas - Brasília
Todos os dias 30 pessoas tiram a própria vida no Brasil. Entre jovens de 15 a 29 anos é a quarta maior causa de morte no país, segundo dados do do Ministério da Saúde. Justamente uma fase da vida em que a escola pode fazer a diferença.
A psicóloga Célia Maria Ferreira da Silva Teixeira avalia que o assunto suicídio ainda é tabu.
Sonora: “ Falar de morte na nossa sociedade é um grande tabu. E falar de suicídio muito mais ainda. E a questão do suicídio entre jovens deixa sempre toda a população, a sociedade muito perplexa, porque ninguém espera que uma pessoa em plena efervecência da idade, com muitos projetos às vezes, possa realmente querer morrer."
A Escola como Espaço de Prevenção ao Suicídio de Adolescentes foi a tese de doutorado de Célia, que defende que o conhecimento ajuda na prevenção.
Sonora: “ O educador ele tem que ter informação, ele tem que ter conhecimento . Tem uma frase importante que é: suicídio conhecer para prevenir."
O coordenador do Ambulatório do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Rodrigo Leite, também considera a escola um espaço privilegiado para prevenção.
Sonora: "Porque a criança e o adolescente passa o maior parte do seu dia na escola . A escola é um espaço de socialização,de formação de identidade. A escola sim deve ser um espaço em que se possa falar de questões de saúde mental, tanto de déficit de atenção, depressão e também porque não falando de suicidio."
Rodrigo Leite fala de alguns sinais de alerta.
Sonora: "Se a criança ou adolescente estão tendo uma mudança no padrão do comportamento habitual. Se era um jovem extrovertido, alegre, com múltiplos interesse, ele começa a ficar retraído, começa a se isolar a coisa da autolesão de se machucar a coisa do não vejo sentido na vida ou um mau desempenho escolar também é uma coisa que se deve chamar a atenção."
Às vezes, existe resistência em falar de suicídio.
Lucinaura Diógenes, presidente do Instituto sem fins lucrativos Bia Dote conta que o trabalho com palestras sobre prevenção ao suicídio em escolas do Ceará começou a partir do pedido de uma professora da rede pública diante da morte de uma aluna de 17 anos. Segundo Lucinaura, em um primeiro momento a direção da escola resistiu ao tema.
Sonora: “ Preparou uma palestra numa formatação mais para um público jovem apresentou para a diretora. A diretora disse que não, que não aceitava que se falasse sobre esse assunto porque podia ter mais prejuízo. Com uma semana ela pediu que a gente fosse fazer uma reunião para mostrar como seria. Então a gente mostrou e ela aceitou que a gente fizesse primeiro na sala da aluna depois as outras do ensino médio."
Maria Glaucia Rebouças, coordenadora da Escola Profissional de Ensino Médio Eusébio de Queiroz, na capital cearense, ressalta a importância das palestras.
Sonora: “Todo mundo percebeu que falar sobre depressão, que falar sobre suicídio é importante. Não é mais um assunto que tem que ser envolvido num tabu, num silêncio. E eles entenderam também que às vezes a gente tem que estar pronto para ouvir alguém . Estar disponível para ouvir um colega que sofre pode fazer uma grande diferença."
Para quem duvida que faz diferença, o estudante Milton Costa esclarece.
Sonora: "Essa palestra mostrou que o suicídio entrando em conjunto com a a depressão não é uma frescura, e sim uma doença. Me ajudou bastante porque os meus colegas começaram a ter uma visão diferente desse tipo de doença e eles começaram a me entender e me ajudaram já que eu estava no meu tratamento com remédios, psicólogos e tudo mais. Eu também tive um novo olhar sobre aquilo, porque quando se tem você não percebe, você reprime e se sente incapaz de certas coisas. Pra você, você nunca vai sair daquilo porque é uma escuridao imensa."
Não criticar, não julgar, ajudar!!!
Diante do sinal de que algo está errado, é importante procurar ajuda com profissionais, nos postos de saúde, organizações não-governamentais e Centro de Valorização da Vida no ligue 188 ou internet.
Lembrando que 90% dos casos de suicídio podem ser evitados.
Na próxima reportagem, a prevenção ao suicídio nas universidades.
Com produção de Adriana Shimoda e sonoplastia Messias Melo.
* Texto e áudio alterados às 10h04 de 12/09/18 para correção do nome da presidente do Instituto Bia Dote, Lucinaura Diógenes.
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