Movimentos sociais e governo lamentam morte de Dona Dijé, liderança quilombola

Movimentos sociais e governo lamentam morte de Dona Dijé

Publicado em 15/09/2018 18:58 Por Juliana Cézar Nunes - Brasília

O Ministério dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, manifestou nesta sexta-feira pesar pela morte de uma das principais lideranças quilombolas do Brasil. Maria de Jesus Bringelo morreu de infarto fulminante na última quinta-feira, no Quilombo de Monte Alegre, no Maranhão, onde viveu seus 70 anos.

Mais conhecida como Dona Dijé, desde a década de 70 ela liderava a resistência das mulheres quebradeiras de coco babaçu e foi uma das fundadoras do Movimento Interestadual, formado por mulheres extrativistas do Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí.


Maria Aparecida Matos, da Rede Alagbara, que reúne mulheres negras e quilombolas do Tocantins, fala sobre a importância de Dona Dijé para o movimento.

Sonora: “É uma grande perda para todas nós mulheres negras, e principalmente mulheres negras do Norte, ela também pertencia à Rede Fulanas, que é a organização regional de mulheres negras e quilombolas que temos aqui. São mulheres amazônidas. Ela veio ajudar a organizar o coletivo quebradeiras de coco aqui do Tocantins, da Ilha do Bananal. Foi ela que passou todos os ensinamentos.”

Givânia Silva, da Conaq, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, lembra que Dona Dijé sofria ameaças por conta da sua luta em defesa dos territórios tradicionais.

Sonora: “Considero que a morte dela não foi uma morte que alguém tenha atirado nela, mas a própria pressão e tristeza de ter lutado tanto localmente e nacionalmente e hoje vê os fazendeiros de novo com possibilidade de retomar o território, comprando lotes das pessoas. Essa era uma questão que ela sofria muito.”

No dia 11 de setembro, Dona Dijé foi empossada no Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, criado há dois anos, mas só agora em funcionamento. Maria de Jesus Bringelo também recebeu reconhecimento internacional.

Em 2016, Dona Dijé foi convidada para a conferência do Banco Mundial, em Washington, nos Estados Unidos, onde ela pediu ajuda para a proteção e garantia de acesso à terra para as quebradeiras de coco babaçu.

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