Na Trilha da História: Saiba mais sobre o movimento tenentista com o escritor Pedro Doria

Saiba mais sobre o movimento tenentista com o escritor Pedro Doria

Publicado em 27/07/2017 15:11 Por Apresentação Isabela Azevedo - Brasília

Até o fim de julho, o Na Trilha da História será reprisado. Esta edição foi originalmente publicada no dia 10 de janeiro deste ano.

Olá, eu sou a Isabela Azevedo e está começando o Na Trilha da História! Hoje, nós vamos falar sobre o Tenentismo, um movimento iniciado por jovens oficiais militares na década de 20 do século passado.

Nosso entrevistado é o jornalista e escritor Pedro Doria, autor do livro "Tenentes - a Guerra Civil Brasileira". O objetivo dos revoltosos era impedir a posse do mineiro Arthur Bernardes na presidência da República, típico representante da República do Café com Leite, marcada pela fraude nas eleições, corrupção e a alternância de poder entre as elites de São Paulo e de Minas Gerais.

Sonora: "Eram os oficiais mais jovens que existiam nas Forças Armadas. E eles queriam essencialmente acabar com a corrupção, que era a marca principal da Primeira República, desse período que a gente chama de República Velha. Eles queriam um país mais democrático, uma política educacional mais incisiva, ampliar o direito de voto."

Em cinco de julho de 1922, a revolta explodiu no Rio de Janeiro. A ideia era fazer levantes em três locais da então capital do Brasil, mas apenas o Forte de Copacabana foi dominado pelos jovens militares rebelados. Depois de calibrar os canhões e tentar bombardear prédios do governo - muitas vezes sem sucesso - o líder do forte foi preso pelas autoridades federais.

Sem saída, parte dos militares fugiu do forte e um pequeno grupo decidiu marchar pela Avenida Atlântica.

Sonora: "Isso é uma marcha suicida. Eles decidem sair em marcha para ocupar o Catete. Muito difícil dizer quantos eram exatamente, mas ficou conhecida como 'Os 18 do Forte'. E quase no final de Copacabana eles foram surpreendidos por mais de mil soldados."

O grupo revoltoso consegue resistir à ofensiva do governo por mais de uma hora, mas apenas dois oficiais saem com vida da marcha suicida: Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Dois anos anos depois eles planejam um novo levante, desta vez em São Paulo.

Sonora: "O Rio de Janeiro está extremamente bem guardado. Os generais que estão no comando são da mais extrema confiança. Fazer um levante no Rio não seria mais possível. No entanto, em São Paulo eles têm dinheiro. A ideia era fazer um levante em São Paulo, de repente fazer um levante também em Minas Gerais, e marchar contra o Rio de Janeiro."

O governo não consegue impedir o levante e instaura-se, então uma guerra em São Paulo. Por alguns dias, não se sabe que lado está ganhando até que os revoltosos começam a bombardear o palácio do governo paulista. No entanto, a bomba cai no prédio da Secretaria de Segurança.

O tiro poderia ter saído pela culatra, mas o governador do estado estava se escondendo adivinha onde? Justamente no edifício da Secretaria de Segurança.

Sonora: "Eles não sabiam que o governador estava lá e quase matam o governador. Ele toma um susto e vai embora de São Paulo. Então, de repente, os tenentes estavam se preparando para se render e ficam sabendo que São Paulo estava acéfala. Então eles assumem o comando da cidade de São Paulo."

Com o governador fora da capital paulista, o presidente Arthur Bernardes autoriza bombardeios na cidade de São Paulo. E como a localização dos oficiais revoltosos era desconhecida, as bombas foram atiradas sem destino certo, acertando casas de civis. A guerra deixa centenas de feridos.

Sonora: "São esses vários mitos que formam a maneira como nós enxergamos a história brasileira. Um desses mitos é o de que o Brasil é um pacífico, é um país que não viveu guerras, um país que não teve grandes revoltas. E viveu entre 1922 e 1924 o que é concretamente uma guerra civil. Morreram centenas de pessoas e São Paulo virou durante esses dias um lugar, principalmente nos bairros operários, onde você encontrava cadáveres espalhados pelas ruas. É uma situação de guerra de trincheiras, muito semelhante à Primeira Guerra Mundial."

O levante fracassa após alguns dias, mas os revoltosos conseguem se deslocar em direção ao Sul do país. Nascia, então, a Coluna Prestes: uma grande marcha de mais de 20 mil quilômetros pelo território brasileiro.

O grupo tinha como estrategista o oficial Luis Carlos Prestes e o objetivo era revelar as injustiças e a corrupção do governo para a população. Mas essa grande marcha também não consegue derrubar o governo.

Sonora: "Você não tem uma vitória militar, mas você tem uma vitória moral porque a violência do Governo Federal contra São Paulo, a incompetência do Governo Federal de controlar essa coluna, as constantes acusações que os tenentes fazem contra o Governo Federal começam a corroer a estrutura da República Velha."

Esta foi a versão reduzida do Na Trilha da História. O programa completo tem 50 minutos e traz, além da entrevista na íntegra com o escritor Pedro Doria, músicas que tem tudo a ver com o Tenentismo.

Para ouvir, acesse: radios.ebc.com.br/natrilhadahistoria. O programa de hoje foi sugestão do professor de História Luís Carlos Manini, que dá aula em três escolas de Londrina, no Paraná. Obrigada, Luís!

Se você também quiser nos enviar sugestões de temas, mande um e-mail para culturaearte@ebc.com.br. Até semana que vem, pessoal!

Na Trilha da História: Apresenta temas da história do Brasil e do mundo de forma descontraída, privilegiando a participação de pesquisadores e testemunhas de importantes acontecimentos. Os episódios são marcados por curiosidades raramente ensinadas em sala de aula. Tem periodicidade semanal. Acesse aqui as edições anteriores.

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