Rio registra quatro mortes de mulheres pelos próprios companheiros ou maridos em quatro dias do ano

Rio registra 4 mortes pelos próprios companheiros em 4 dias do ano

Publicado em 11/01/2019 03:47 Por Fabiana Sampaio - Rio de Janeiro

Quatro mulheres foram assassinadas pelos próprios maridos ou ex companheiros no Estado do Rio de Janeiro somente nos quatro primeiros dias do ano.

A última vítima foi Tamires Blanco, de 30 anos, morta em casa, com socos e garrafadas pelo marido, no Morro do Urubu, em Pilares, na zona norte da capital, na noite da última sexta-feira.

Dados do Observatório Judicial da Violência Contra a Mulher do Tribunal de Justiça do Rio revelam que 2018 registrou recordes nos números de novas ações ajuizadas, concessões de medidas protetivas de urgência e de alguns crimes julgados pelos juizados de violência doméstica do Rio.

De janeiro a novembro do ano passado, foram registrados mais de 111 mil novos processos, perdendo apenas para 2014, considerando todo o período do ano. 

Já as concessões de medidas protetivas de urgência, que impedem o agressor ter contado com a vítima, bateram recorde em 2018: foram quase 22 mil registros, 91 a mais que o total computado em 2015.

Os crimes de lesão corporal são os que têm o maior número de processos tramitando no Tribunal de Justiça. Foram mais de 46 mil registros até novembro de 2018, superando todo o ano de 2016.

Para a juíza Katerine Jatahy, da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, é difícil avaliar se o aumento é fruto do crescimento de fato da violência ou se mais mulheres estão procurando ajuda.

A coordenadora da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra), ONG que atua na causa, Eleutéria Amora, concorda que as mulheres estão mais confiantes nas políticas públicas existentes, mas destaca, contudo, que nem sempre as respostas dessas políticas são satisfatórias. Ela cita como exemplo a pouca quantidade de casas abrigos para mulheres que precisam sair de suas casas. 

Eleutéria afirma também que a violência contra a mulher é fruto do machismo da sociedade e que é necessário abordar o assunto desde a infância.

As mulheres vítimas de violência no estado devem registrar ocorrência nas Delegacias do Estado ou nas Especializadas de Atendimento à Mulher.

O Tribunal de Justiça e a Defensoria Pública assinaram em agosto do ano passado o Protocolo Violeta/Laranja-Feminicídio, que agiliza as concessões das medidas protetivas, reduzindo o espaço de tempo entre o registro do fato e a decisão judicial que concede medidas protetivas.

O Projeto Violeta, iniciativa do Tribunal de Justiça, também atua  para acelerar a proteção à mulher e presta serviço com equipe multidisciplinar.

*Matéria alterada às 16h17 de 11/01/18 para acréscimo de sonoras. O texto também foi ampliado.

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