Equador: Indígenas liberam policiais, mas dizem que paralisação só acaba com revogação do "pacotaço"
Conaie: paralisação só acaba com revogação do "pacotaço"
Publicado em 11/10/2019 20:28 Por Marieta Cazarré - Montevidéu
A tensão no Equador aumentou nas últimas 24 horas. Liderados por Jaime Vargas, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), os indígenas se revoltaram com as mortes de companheiros e endureceram o discurso.
Durante o dia de ontem, os indígenas mantiveram "detidos" dez policiais e cerca de 30 jornalistas, na Casa da Cultura, aonde estavam concentrados. Quase dez horas depois, no início da noite, decidiram entregá-los sob a supervisão de organismos internacionais como a Anistia Internacional (AI) e as Nações Unidas (ONU).
Vargas afirmou que os indígenas detiveram os policiais pois eles infringiram o espaço onde estavam, mas que foram entregues sãos, e criticou a Polícia e as Forças Armadas que “devolveram nossos jovens feridos ou mortos".
Em uma mensagem no Twitter, a ONU Equador agradeceu à Conaie pela entrega pacífica dos policiais e considerou o ato como um gesto de boa vontade que contribui para criar condições de maior confiança e buscar saídas para essa situação.
Governo e indígenas não concordam com o saldo de mortos nas manifestações dos últimos dias. Ontem (10), a Defensoria Pública afirmou que cinco civis morreram, incluindo um dirigente indígena. Em um anúncio feito em rede nacional de televisão, o secretário-geral da Presidência, José Agusto Briones, afirmou que, oficialmente, havia a confirmação de duas mortes. A Conaie emitiu um comunicado onde afirmava que “existem companheiros que perderam a vida”, mas não precisava o número de mortos.
Apesar de o presidente Lenín Moreno ter afirmado essa semana que estava dialogando, os representantes indígenas negaram. Eles afirmam que seguirão com paralisações por tempo indeterminado, exigindo a revogação do decreto que trata do pacote de medidas econômicas anunciadas pelo governo e o abandono do acordo feito com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os indígenas exigem, ainda, a saída de dois ministros, María Paula Romo, ministra de Governo; e Oswaldo Jarrín, ministro da Defesa; e a liberdade de centenas de pessoas detidas nos protestos.
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