Políticos da Amazônia rebatem afirmações de doações ilegais pela JBS

Políticos da Amazônia rebatem afirmações de doações ilegais pela JBS

Publicado em 29/05/2017 12:14 Por Renata Martins - Brasília

Além de práticas como o pagamento de propina e dinheiro repassado via caixa dois para campanhas eleitorais, delatores da JBS também afirmam que ajudaram a comprar o apoio de partidos durante a formação das chapas de Dilma e Aécio, para a campanha de 2014.


O nome de políticos e diretórios regionais de partidos da Amazônia aparecem nas delações.


O ex-diretor de Relações Institucionais da empresa Ricardo Saud relata que R$ 35 milhões de uma conta corrente que o Grupo J&F mantinha para efetuar pagamentos ilegais ao PT foram destinados para os principais líderes do PMDB do Senado.


Segundo Saud, o objetivo era evitar o rompimento com o governo petista, com a perspectiva de parte do partido passar a apoiar, formalmente, Aecio Neves.


O senador Eduardo Braga (PMDB), do Amazonas, teria recebido mais de R$ 6 milhões. Segundo o delator, o dinheiro foi repassado por meio de notas ficais de uma empresa de Táxi Aéreo.


Eduardo Braga afirma que nunca negociou apoio à ex-presidente em qualquer base e que estuda medidas legais contra o delator.


Quase R$ 9 milhões. É o que Saud afirma ter pago ao senador Jader Barbalho (PMDB), do Pará. Os valores teriam sido repassados por meio de propina, dissimulada como doação oficial, dinheiro em espécie e notas ficais. Jader nega as acusações.


“Desafio aonde foi que eu encontrei com qualquer um desses bandidos, em dia, em que local. Desafio que eles apresentem qualquer documento que me vincule. Eu não recebi nenhum centavo”, afirma Jader Barbalho.


Para o senador Valdir Raupp (PMD, de Rondônia, o valor destinado teria sido de R$ 4 milhões, na forma de propina dissimulada como doação oficial.


O parlamentar disse que desconhece os fatos narrados e afirmou que o apoio do PMDB à chapa Dilma/Temer foi decidido em Convenção Nacional do partido.


O senador disse que as doações citadas pelo delator, se confirmadas, foram feitas diretamente ao PMDB, tendo em vista que ele sequer era candidato nas eleições em 2014.


O diretório do PMDB do Amapá também teria recebido R$ 500 mil. Segundo Saud, o valor teria sido indicado pelo senador Renan Calheiros (PMDB), de Alagoas.


No depoimento, Saud também afirma que a JBS repassou dinheiro para que partidos políticos integrassem a coligação da candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República.


“Ele conseguiu comprar o PTB. Negociou lá com a Cristiane Brasil, com o Luís Rondon, com o pessoal todo lá e comprou por R$ 20 milhões. Já ficou mais animado de ter comprado o PTB e nós pagamos”, disse o ex-diretor da JBS.


Entre os destinatários estariam os diretórios do PTB de Mato Grosso: mais de R$ 2 milhões. O diretor da JBS também relata o depósito de R$ 500 mil na conta do ex-deputado federal e presidente do PTB do Amapá, Eduardo Seabra. O dirigente não retornou nosso contato. 


Dilma afirmou que jamais tratou ou solicitou a qualquer empresário, nem por terceiros, doações ou pagamentos ilegais para as campanhas eleitorais. A ex-presidente acrescentou que rejeita delações sem provas ou indícios.


Aécio Neves nega todas as acusações feitas pelos delatores. O senador afastado destaca que os próprios delatores se referem a ele como um político que nunca os ajudou em nada. Acrescentou que os valores repassados pela JBS para as campanhas de seu partido foram doados legalmente.


Os diretórios do PMDB no Amapá e do PTB de Mato Grosso foram procurados mas não responderam aos contatos da reportagem.

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